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Doenças |
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Ocorrência de Lerneose em caudas-de-véu |
A lernea, ou “verme âncora”, como é conhecida no aquarísmo, é um importante ectoparasita que acomete todas as espécies de peixes. Atualmente a lernea encontra-se disseminada por todo o país, sendo responsável por sérios prejuízos econômicos, tanto para piscicultura de corte como de ornamento.
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Os ciprinídeos, principalmente carpas e kinguios são muito afetados pela lerneose o que motivou a realização de um estudo da ocorrência da lerneose em caudas de véu (Carassius auratus). |
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O Setor de Aquacultura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) realizou um estudo sobre a lerneose Carassius auratus (kinguios). Kinguios infestados por lerneas adultas oriundos de lojas de aquarismo foram coletados para pesquisa de copepoditos e lerneas adultas através de exame macroscópico e de microscopia óptica de luz em brânquias, pele e nadadeiras. |
Resultados e Discussão |
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A grande maioria dos peixes infestados por estágios adultos de lernea (visível macroscopicamente) apresentaram também as formas infectantes (copepoditos) na pele e, principalmente nas brânquias.
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Estes resultados alertam para cuidados na aquisição de peixes ornamentais sem controle sanitário da lerneose.
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Os sinais clínicos da lerneose são clássicos como a presença de inúmeros filamentos aderidos ao corpo e nadadeiras dos peixes e a presença de lesões remanescentes após o desprendimento do parasita.
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Os peixes apresentam grande desconforto e irritação nestas regiões que freqüentemente ficam avermelhadas devido a hemorragias.
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Infestações mais intensas provocam letargia nos peixes que ficam enfraquecidos devido a anemia.
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Os copepoditos também causam grande irritação nas brânquias.
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Outros agentes parasitas oportunistas podem surgir devido a baixa capacidade de resposta do sistema imunológico debilitado.
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Bactérias se proliferam nos locais das lesões e agravam ainda mais o quadro clínico.
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Os tratamentos existentes para a lerneose são bastante eficazes, tanto para o combate do parasita adulto como para os copepoditos.
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Recomendamos |
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Inicialmente, a remoção manual dos parasitas adultos com um auxílio de uma pinça.
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Banhos rápidos com permanganato de potássio podem ser muito úteis nos casos que existam muitas lesões remanescentes.
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Produtos que contenham na sua formulação organofosforados apresentam excelentes resultados em banhos de curta e longa duração, no entanto a sua toxicidade pode matar os peixes.
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Cuidados com a diluição e boa oxigenação da água durante os banhos são fundamentais, bem como a observação da tolerância dos peixes ao produto.
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Conclusão |
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O diagnóstico de lerneose é muito fácil, podendo ser realizado macroscopicamente.
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Nadadeiras e a região ventral são regiões mais propícias para alojar o parasita, mas algumas vezes a cavidade oral e brânquias também podem ser alvo da lernea.
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O maior problema da lerneose deve-se ao fato da existência de uma forma infectante anterior ao estágio adulto denominada de copepodito.
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Os copepoditos, ao contrário do adulto, não podem ser visualizados macroscopicamente.
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Copepodito infectante em brânquias de C. auratus.
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Assim peixes são comercializados com grande risco de serem portadores deste parasita, levando a doença para outros aquários e tanques de criação onde contaminam outros peixes.
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Lojistas e Aaquariofilistas |
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Precisam estar atentos para que peixes parasitados por lerneas adultas não passem desapercebidos durante a compra, estas são observadas com grande facilidade, no entanto eles não têm como saber se o peixe comercializado é portador de microscópicos copepoditos, assim, a alternativa mais segura é identificar fornecedores idôneos, comprovadamente livres destes parasitas em seus lotes de peixes ornamentais.
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Qualquer caso de lerneose deve ser notificado ao produtor para que este tome as medidas necessárias, ou procure uma orientação técnica especializada
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A prevenção da lerneose pode ser obtida através de exames laboratoriais para pesquisa dos copepoditos em brânquias e raspados cutâneos sob microscopia óptica de luz em amostras de peixes coletadas aleatoriamente de lotes antes da comercialização.
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Esta medida pode assegurar que peixes portadores não sejam comercializados, evitando a disseminação da lerneose.
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A lernea, por ser exclusivamente hematófaga, provoca um quadro de anemia nos peixes e ainda predispõe a infecções secundárias bacterianas e fúngicas devido a gravidade das lesões nos locais onde fixam-se. Mortalidades são freqüentes e estão relacionadas a intensidade de infestação e ao tamanho do hospedeiro, levando a grandes prejuízos econômicos.
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UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul Departamento de Zootecnia Setor de Aquacultura |
- Rodrigo Gasparoto Mabilia - Médico Veterinário Mestrando na Área de Produção Animal - Aquacultura UFRGS
- Silvia Maria Guimarães de Souza - Médica Veterinária Professora Adjunta e Coordenadora do Setor de Aquacultura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
- Cristiano Rosa Pereira - Acadêmico de Medicina Veterinária UFRGS
- Thomas Marks - Acadêmico de Medicina Veterinária UFRGS
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Referências Bibliográficas |
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CARNEVIA, D. Enfermidades de los peces ornamentales. Buenos Aires, Argentina: AGROVET, 1993. 319p.
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EIRAS, J. C.; TAKEMOTO, R. M.; PAVENELLI, G. C. Métodos de estudo e técnicas laboratoriais em parasitologia de peixes. Maringá: Editora da Universidade Estadual de Maringá, 2000 171p.
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MABILIA, Rodrigo G; NAGATA, Mauricio K.; RANZANI-PAIVA, Maria José T; ISHIKAWA, Carlos M. Ocorrência de parasitoses externas em peixes ornamentais em lojas de aquarismo de São Paulo. In: VII Encontro Brasileiro de Patologista De Organismos Aquáticos e III Encontro Latino de Patologistas de Organismos Aquáticos, 2002, Foz do Iguaçu. Anais do VII ENBRAPOA e III ELAPOA. 2002.V.1,p.144-126.
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